sábado, 14 de fevereiro de 2009

"Avec les temps tout s'en vas..."

Fevereiro de 2008. "Hell" foi o último romance que eu consegui ler aquele semestre (Balzac não conta, foi pro francês).
Eu li em uma semana, talvez menos, fascinada com tanto niilismo apesar da literatura pop.
Talvez não fosse fevereiro, mas março... ou quase março. Bom, era sábado a noite e eu estava em casa. Uma mensagem, duas mensagens, tres mensagens, você não respondia. Não queria me ver. Não queria. Foi março, um dia depois da festa.
Um dia depois de ter sido uma borboleta altamente alcoolizada caindo da escada. Uma noite depois de ter vomitado e deitado no chão frio e imundo do meu próprio banheiro.
Talvez algo não fosse bem, não me lembro mais... eu saia todo fim de semana, eu mal lembrava das minhas noites. Era menos auto-destrutivo de fato, eles estavam sempre lá, mas sobrios do que eu, tendo certeza de que eu chegava bem em casa.
Você não estava.
Jantei no japonês com a minha mãe. Terminei de ler Hell. Quis me convencer de que uma noite em casa e sozinha me faria bem. Mas eu queria você ou então queria não pensar. Queria sair, mais música, mais luzes, mais alcool. Cigarros talvez. Mas cigarros você reprovaria. E eu não queria na verdade, muito auto-piedade para o meu gosto.
Perto da meia noite eu deitei. E chorei me afogando nas minhas proprias lágrimas.

Mas no dia seguinte você voltou. E nesse atual mar de felicidade aquela noite parece irreal como a visão por trás de um copo de vodka.



E Hell, o filme, é bem mais ou menos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

12:30, disciplina, mimimi, blablabla
ornitorrinco! A única coisa que eu consigo imaginar é um bicho fofinho e gordo, desengonçado e com um bico de pato (quase eu, há!).
Então, sono, mas enfim, é sobre o processo de modernização do Brasil. Que é uma coisa meio frankenstein, ornitorrinco.
E esses dias random do ipod tem sido uma coisa tão engraçada... tocou "Sweet Nurse" do Katatonia. E eu adoro Katatonia, mas é uma coisa tão funda e escura e pesada, tão alguns anos atrás...
Tão minhas unhas pretas e meus cabelos rosa e um cigarro atrás do outro. E achar que eu ia ser salva. Pois bem, não fui.
Não que eu não tenha sido porque a vida seguiu seu rumo, ou porque apesar de todas as boas intenções eu era mesmo um caso perdido. Eu não era.
Mas acho que porque no fundo, e talvez inconscientemente, as intenções não eram boas. A mão que eu segurava para sair do buraco, apenas me impedia de subir sozinha. Eu não precisava dela. Mas ela estava lá, então... como soltar? como arriscar sozinha se aquela mão estava lá, sempre lá? e eu me agarrava a ela cada vez mais e mais por medo de que se a soltasse eu despencaria em um abismo ainda mais profundo e me machucaria tanto que não poderia subir.
Mas na verdade eu cairia suavemente como Alice dentro da toca do coelho. Eu flutuaria e me agarraria a objetos estranhos e inusitados. Mas não, eu apenas me agarrava a inutil ilusão de que não podia sozinha, de que desmoronaria sozinha.
E a verdade é que eu não desmoronei... nem por um segundo, nem um milímetro. Eu engoli em seco e procurei lágrimas que não vieram. Nunca.
Então eu vi a luz, que o dono da mão vinha tampando, me mantendo sempre agarrada a ele. E juntando aqueles objetos inusitados da toca do coelho eu fui subindo. E lembra aquela musica "sempre mais forte do que eu..." quanta surpresa descobrir que eu sempre fui na realidade a mais forte!
Sempre tão mais forte...
"There's no greatest power than the power of goodbye..." (citar Madonna é picaretagem, mas é o sono e o ornitorrinco)





"o my sweet nurse
pull the curtain aside for a while
so that I can for once have
the sun in my eye
you smile and say
it's a fine day

o my sweet nurse
pull the curtain aside for a while

then like a ghost at night
you come around all dressed in white
talking to me
and so I have to drink
the water with your poison spilled
for no more will"



I'm writing my sleep away

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Há algo na música... algo que me faz atravessar a cidade em um dia de chuva, prender o salto na grade do prédio e mesmo assim ter todo o bom humor que em dias sem chuvas e incidentes com salto eu não tenho.
Há algo que me faz sorrir e cantar junto por quase duas horas, que me faz admirar a pessoa no palco não por ser famosa, mas por ser capaz de me fazer sorrir daquela forma, daquela maneira.
Ou que me faz ter o caribe nas veias, eu que sou quase russa.
Eu lembro quando cantava. Eu gostava de saltos porque precisava de algo entre meus pés e o chão. Algo que me desse a ilusão de não tocá-lo. Algo que vinha dos meus dedos dos pés, que me fazia ter muito mais do que esses míseros 1,56 de altura.
Há algo que me toma os membros e faz eles se agitarem no ar sem sentido, sem a minha vontade. Há algo de tão catártico na música para mim que eu não posso deixar de persegui-la.