quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Eu cresci nessa geração meio sex and the city pós-feminista que diz que nós podemos ter tudo: marido, filhos, carreira e um closet repleto de sapatos.
E folheando uma Marie Claire (o porta voz ideológico desse tipo de mulher) eu me deparo com uma entrevista com uma mulher que diz que não, mulheres não podem ter tudo e deveriam se contentar em largar suas carreiras e terem casamentos infelizes pelo bem de seus filhos. Obviamente a reporter parecia bem cínica e a revista delicadamente a censurava dizendo que era vítima de um ranço "ultraconservador", o que eu sem dúvida concordo.
E essa mulher, obviamente, tem um filho homem. Eu me pergunto: ela abriria mão da carreira por uma filha que alguns anos mais tarde faria isso e por ai vai? Eu duvido muito. Ela larga tudo por um filho que vai ter carreira, uma mulher trofeu, coisas assim...
Não que carreira seja a única maneira de satisfação pessoal. Mas ai eu chego onde queria: escolhas. Talvez ter tudo queira dizer poder fazer as próprias escolhas, quaisquer que sejam. E eu acho engraçado como, tendo sido criada por uma dessas mulheres, eu aprendi que a vida nem sempre te permite ter tudo, mas você deve estar sempre em paz com as suas escolhas.
Talvez você não tenha uma carreira, ou filhos, ou um marido. Mas você escolheu isso.
E isso essa mulher não entendeu. Ela quer que as mulheres escolham necessariamente serem mães em tempos integrais, ignorando qualquer outra combinação possível.
Eu aprendi a lidar com mais machismo do que eu achei que entraria em contato na vida. Eu aprendi, na minha própria cama, o que de fato significa arcar com as suas escolhas. Com quem você acredita que é e quer ser. Ser quem se quer e ser fiel aos seus valores em muitos momentos me pareceu mais difícil do que eu jamais pensei que seria.
Mas as escolhas estão sendo feitas. E toda a força que me custou não me render tem sido brilhantemente recompensada, aquilo que me dizia que eu devia exigir ser amada como queria se provou certo. Porque eu não poderia ser amada de outra forma.
E talvez nós possamos mesmo ter tudo...

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